Terapia ocupacional na promoção da saúde: uma aliada para a sua operadora
A grande possibilidade de aplicações da terapia ocupacional na prevenção de doenças e na promoção da saúde tem ampliado a adoção desta linha de tratamento nas operadoras de saúde brasileiras.
Apesar de ainda ser pouco divulgada no país, a terapia ocupacional já mostrou grande potencial para melhorar a qualidade de vida de pessoas com alguma alteração sensorial, motora, cognitiva, psicológica ou afetiva.
Para as operadoras, dois públicos muito importantes sob o ponto de vista da medicina preventiva são o foco da maioria das iniciativas ligadas a terapia ocupacional: os idosos e os pacientes hospitalizados.
Quer saber mais sobre as aplicações da terapia ocupacional na promoção da saúde?
Continue lendo a seguir.
O que é terapia ocupacional
Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), terapia ocupacional é a ciência que estuda a atividade humana e a utiliza como recurso terapêutico para prevenir e tratar dificuldades físicas e/ou psicossociais que interfiram no desenvolvimento e na independência do indivíduo em relação às atividades de vida diária, trabalho e lazer.
Na prática, a terapia ocupacional ajuda as pessoas a realizar atividades cotidianas que são importantes para elas, mesmo apresentando debilidades (como a perda de estruturas ou funções físicas ou psicológicas), incapacidades ou deficiências.
As sessões de terapia envolvem atividades com o objetivo de restaurar, fortalecer e desenvolver a capacidade de realizar estas atividades, facilitando a aprendizagem de habilidades e funções essenciais para a adaptação e produtividade.
É importante lembrar que na terapia ocupacional, o termo “ocupação” não se refere apenas a profissões ou treinamentos profissionais. Está relacionado a todas as atividades que ocupam o tempo das pessoas e dão sentido a suas vidas.
Por isso, sua aplicação é focada em favorecer a participação do indivíduo em atividades significativas para ele. Além do trabalho, do lazer e da vida social, isso inclui também tarefas diárias como comer, vestir-se, tomar banho ou estudar.
O que faz um terapeuta ocupacional
O terapeuta ocupacional é um profissional que combina a formação na área de saúde com a área social.
Sua função é avaliar o paciente para a construção de um projeto terapêutico que deverá favorecer o desenvolvimento e/ou aprimoramento das capacidades psico-ocupacionais remanescentes e a melhoria do seu estado psicológico, social, laborativo e de lazer.
Em resumo, o terapeuta ocupacional deve criar e organizar rotinas para tornar mais acessível a participação das pessoas em “antigas” e novas atividades.
Para alcançar estes resultados, o terapeuta faz uso de atividades lúdicas, artesanais, da vida diária, oficinas de memória, de culinária, de beleza, jogos, levando-se em conta os aspectos anatômicos, fisiológicos, psicológicos, sociais, culturais e econômicos de cada pessoa.
Na maioria dos casos, o trabalho do terapeuta ocupacional é associado a outros profissionais da saúde, atuando em uma equipe multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e enfermeiros.
A terapia ocupacional na Atenção Primária à Saúde (APS)
Para entender como a terapia ocupacional vem sendo aplicada pelo sistema de saúde brasileiro no contexto da APS, vale a pena ler este artigo publicado em setembro de 2020 na revista Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional.
Nele, os pesquisadores Rodrigo Alves dos Santos Silva e Fátima Corrêa Oliver constatam que as práticas de terapeutas ocupacionais realmente fazem interface com os atributos da APS, o que indica sua inserção nesse nível assistencial.
Confira um trecho do trabalho:
Cabe o destaque de que características do objeto da profissão, como sua ênfase central nas atividades/ocupações e na vida cotidiana, são significativas para potencializar o alcance dos atributos da APS, em especial, porque os terapeutas ocupacionais realizam práticas que buscam, com base em sua especificidade, o enfoque na pessoa, na família e no contexto territorial e comunitário e não somente nas doenças e seus sintomas ou somente no indivíduo.
Quando se deve indicar a terapia ocupacional
Veja o que diz a terapeuta ocupacional Gizela Leite em um artigo publicado no site da Unimed Blumenau:
- Quando a depressão afasta a motivação necessária à participação e à realização das atividades cotidianas e as “coisas” perdem o sentido;
- Quando a memória “falha” com o envelhecimento;
- Quando o stress funcional dificulta o desempenho no trabalho;
- Quando a dor física ou um acidente inviabiliza os movimentos das mãos;
- Quando um AVC impede a pessoa de realizar uma “simples” tarefa como a de segurar um copo de água;
- Quando uma pessoa portadora de necessidades especiais necessita ampliar a sua participação e seu desempenho em vários domínios do bem estar, tais como: trabalho, saúde, escolarização, lazer, cultura, atividades domésticas, etc.;
- Quando numa internação o brincar é a única forma de estar mais perto de casa;
- Quando as barreiras físicas e as atitudes das pessoas tornam as ruas, as calçadas, os prédios e os serviços inacessíveis.
Terapia ocupacional como ação preventiva
Além de oferecer uma alternativa de tratamento para diversas enfermidades, a terapia ocupacional também pode ser trabalhada como ação preventiva em diversos contextos.
Nas iniciativas de saúde corporativa, por exemplo, ela pode ser usada para impedir que a rotina se torne um fator limitante ou para que a sobrecarga de atividades não comprometa o desempenho no trabalho e em outras áreas da vida.
Em outros contextos, ao recomendar o autoconhecimento, o terapeuta pode incentivar o indivíduo a conhecer melhor suas capacidades e seus limites
Integrando o paciente à sua própria comunidade e tornando-o mais independente, a terapia ocupacional estimula a pessoa a continuar tendo ambições e aspirações, além de torná-la mais consciente a respeito de medidas para prevenir o envelhecimento prematuro e preservar a qualidade de vida.
Tudo isso, é claro, vai depender do estado de saúde do indivíduo, do seu grau de independência nas atividades da vida diária (AVD) e do seu grau de interesse e participação.
Hospitalização e terapia ocupacional
Uma hospitalização de longa duração pode causar importantes rupturas e mudanças no cotidiano do paciente.
Nesse contexto, a terapia ocupacional propõe atividades para amenizar as alterações decorrentes da hospitalização na vida diária e trabalhar a promoção da saúde ampliando modos de organização da atenção.
Entre as opções disponíveis neste ambiente estão atividades expressivas, artesanais e até mesmo o uso do computador para acesso às redes sociais.
Para melhora funcional e alívio de sintomas físicos também são indicadas técnicas terapêuticas de posicionamento, mobilização e conservação de energia.
A atuação do terapeuta ocupacional em conjunto com a equipe de enfermagem possibilita reconhecer as atividades produzidas pelos pacientes e compartilhar suas experiências com os demais pacientes e seus familiares.
Pesquisas indicam que as vivências de atividades, de técnicas e os vínculos terapêuticos construídos entre as terapeutas ocupacionais e os pacientes hospitalizados possibilitam o acolhimento, o resgate e o desenvolvimento de habilidades diversas, incluindo as de autocuidado.
Terapia ocupacional na saúde do idoso
As mudanças, sejam de ordem física, emocional ou social, são inerentes ao processo de envelhecimento e afetam habitualmente o equilíbrio das atividades cotidianas.
Elas requerem que o terapeuta ocupacional atue em antecipação ou na vigência dessas mudanças, de forma a auxiliar a pessoa idosa a manter ou a recobrar o equilíbrio de atividades significativas em seu cotidiano.
Nesses casos, a terapia ocupacional dá as condições para que ela seja o mais independente possível, enfatizando as áreas de autocuidado, do trabalho (remunerado ou não), do lazer, além da manutenção de seus direitos e papéis sociais.
Tudo isso gera uma melhoria na autoestima e, consequentemente, na qualidade de vida do idoso.
A terapia ocupacional também é muito útil como auxiliar no tratamento de diversas patologias e disfunções comuns em pessoas de idade avançada, como AVC, Parkinson, Alzheimer e diversos tipos de demência, doenças reumáticas e artríticas, além de sequelas decorrentes de doenças crônico-degenerativas.
Jogos, oficinas de arte, horticultura e outras atividades de lazer e trabalho são algumas das técnicas utilizadas com o objetivo de promover a autonomia e inserção social do idoso.
Na atenção primária, o trabalho dos profissionais da saúde junto à população idosa está focado na prática de grupos de intervenção, buscando realizar atividades voltadas aos benefícios para a saúde física, social e mental.
Segundo um levantamento bibliográfico de artigos científicos publicados sobre o assunto, é possível verificar a importância da atuação do terapeuta ocupacional nas ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, de melhora da independência e funcionalidade dos idosos, e de retorno aos papéis ocupacionais abandonados com o passar dos anos.
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IMAGEM: Sergio Amaral/MDS (CC)
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