EUA definem novos limites para a hipertensão. Isso muda as ações preventivas no Brasil?
Definir os limites para a hipertensão e determinar a partir de que ponto podemos caracterizar um quadro de pressão alta é fundamental para a prevenção das doenças cardiovasculares. Contudo, essas definições não devem ser rígidas. Elas podem variar ao longo do tempo, de acordo com a prevalência da hipertensão entre a população e as complicações que esta condição acarreta para a saúde em geral.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pressão alta está entre as principais causas de morte em todo o mundo, principalmente em decorrência de infarto e acidente vascular cerebral. Nos Estados Unidos, até 2017, uma em cada três pessoas (32%) era hipertensa e o avanço dessa condição preocupava os gestores de saúde.
Tudo isso fez com que, recentemente, a Associação Americana do Coração e o Colégio Americano de Cardiologia decidissem atualizar as recomendações para o diagnóstico e o tratamento da pressão alta. Foi a primeira mudança nessas diretrizes em 14 anos.
O que mudou nos limites para a hipertensão nos EUA
A principal mudança foi no conceito clássico do que é um paciente hipertenso pela medicina norte-americana. Antes era considerada hipertensa a pessoa com pressão acima de 14/9. Ou seja: com pressão máxima (sistólica) maior do que 14 cm Hg ou pressão mínima (diastólica) acima de 9 cm Hg.
Agora, após a redefinição dos limites para a hipertensão, a pressão alta passou a ser diagnosticada quando a máxima passar de 13 cm Hg ou a mínima ficar acima dos 8 cm Hg. Com isso, muitos pacientes que antes eram considerados pré-hipertensos e não precisavam de remédios para controlar a pressão passaram a ter indicação para tratamento medicamentoso.
A partir de agora, a condição de “pré-hipertensão” deixou de existir e a intenção é que medidas preventivas mais eficazes sejam ampliadas para abranger mais pessoas. A previsão dos médicos americanos é de que a mudança vai aumentar em 14% o número de pessoas diagnosticadas com hipertensão.
Na avaliação das entidades médicas, apesar de gerar um pequeno aumento no número de pacientes que necessitam de medicamentos, essa mudança vai possibilitar que muito mais pessoas passem a ser aconselhadas a respeito de mudanças em seu estilo de vida para prevenir a pressão alta.
Outra novidade nas diretrizes norte-americanas é a ênfase na importância de medir a pressão em casa e manter os aparelhos bem regulados, com revisões anuais. Segundo os pesquisadores, a medição no consultório costuma gerar ansiedade e isso acaba influenciando nos resultados.
Isso pode afetar o combate à hipertensão no Brasil?
No Brasil, a hipertensão atinge 36 milhões de pessoas (32,5% da população) e mais de 60% dos idosos, sendo responsável por cerca de 50% das mortes por doença cardiovascular.
O impacto do aumento dos casos de pressão alta também afeta a economia brasileira. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), as complicações da hipertensão têm um grande impacto na perda da produtividade do trabalho e na diminuição da renda familiar. Apenas no período entre 2006 e 2015 este custo chegou a US$ 4,18 bilhões.
Contudo, de acordo com as últimas diretrizes sobre o diagnóstico da hipertensão, os médicos brasileiros ainda seguem as mesmas indicações que foram alteradas nos EUA.
Veja seguir uma comparação entre os dois modelos de limites para a hipertensão:
Nos EUA
- Pressão normal: abaixo de 12/8
- Pressão elevada: de 12 a 12,9/8
- Hipertensão: acima 13/8
No Brasil
- Pressão normal: abaixo de 12/8
- Pressão elevada: de 12,1/8,1 a 13,9/8,9
- Hipertensão: acima de 14/9
Depois da mudança feita pelos norte-americanos, instalou-se uma polêmica entre os médicos brasileiros sobre a possibilidade (e os reais benefícios) de adotar o mesmo padrão.
Como descreve o professor Drauzio Varela, em artigo de fevereiro de 2018, muitos temem o excesso de medicalização e a imposição do rótulo de “hipertenso” a pessoas que antes eram consideradas normais.
Outros médicos, como o cardiologista Flavio Fuchs, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, consideram a mudança nas diretrizes norte-americanas “a maior ação de prevenção cardiovascular realizada pelo bem da humanidade”.
Na dúvida, mantenha o foco na prevenção
Independente dos critérios adotados para classificar um paciente como hipertenso, as operadoras de saúde devem manter o foco em ações preventivas para deter o avanço da hipertensão e evitar as complicações decorrentes do agravamento dessa condição.
“A hipertensão é uma doença silenciosa com tratamento conhecido, mas que os brasileiros ainda negligenciam por não aderirem ao tratamento quando é diagnosticada, ou por sequer saberem que têm pressão alta.”
Marcus Bolívar Malachias
Presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão
Definir os limites para a hipertensão é importante, com certeza. Mas o fundamental é ter consciência de que a prevenção é o único caminho para modificar hábitos, minimizar riscos e reduzir os custos assistenciais gerados pelas doenças cardiovasculares.
Por isso, procure trabalhar a prevenção da hipertensão concentrando-se em dois aspectos fundamentais:
- a promoção do diagnóstico precoce
- o engajamento dos beneficiários às ações preventivas
A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, recentemente publicada, analisou 14 estudos publicados nas regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste e constatou que o controle da hipertensão no Brasil é muito baixo, variando de 10,1% a 35,5%.
Segundo dados da SBH, uma série de estudos com 13.978 idosos brasileiros revelou que 68% deles tinham pressão alta. Considerando que o número de idosos aumentou de 6,7% para 10,8% na última década, fica clara a necessidade de ações preventivas mais eficientes.
A pressão alta é de fácil diagnóstico e o paciente tem a chance de seguir com sua vida tranquilamente, bastando mudar alguns hábitos em seu cotidiano. No entanto, a SBH estima que apenas 23% dos hipertensos controlam corretamente a doença, 36% não fazem controle algum e 41% abandonam o tratamento após melhora inicial da pressão arterial.
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