Aumenta diagnósticos de câncer de mama em estágio avançado

A pandemia de Covid-19 parece ter se encerrado no Brasil, apesar de a OMS ainda não ter decretado o fim. O Ministério da Saúde determinou o encerramento do estado de emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no ano passado. Mas os reflexos da pandemia não parecem ir embora tão cedo.

Os hospitais lotados e o isolamento social fizeram com que muita gente não procurasse os serviços de saúde para exames preventivos. Muitas doenças deixaram de ser detectadas em seus estágios iniciais. Isto pode ser visto no número de pessoas cujo câncer de mama foi descoberto no estágio mais grave.

O estudo “Impact of the COVID-19 Pandemic on Cancer Staging: An Analysis of Patients With Breast Cancer From a Community Practice in Brazil”, publicado na revista JCO Global Oncology, mostra que houve uma redução na detecção do câncer em estágios iniciais.

Este estudo computou dados de dois períodos: 2018/2019 e 2020/2021. E avaliou informações de 11.753 pacientes para comparar qual era o estágio da doença no momento em foi ela descoberta. Do total de mulheres estudadas, 6.500 foram diagnosticadas em 2020 e 2021 e 5.200, entre 2018 e 2019. A maioria tinha mais de 50 anos.

A pesquisa apontou um aumento de 4% no número de pacientes cujo câncer foi descoberto no estágio 4. E houve também uma redução de 6% na detecção de casos em estágio inicial. Um outro recorte do estudo é de que que cresceu a proporção de pessoas acima de 50 anos e mulheres pós-menopausa que tiveram tumores identificados em estágio avançado.

Somente no SUS, o Inca estima que o gasto com  três tipos de câncer (mama, colorretal e endométrio) será de R$ 2,5 bilhões em 2030. O valor deve chegar a 3,4 bilhões, em 2040. As despesas levam em consideração valores gastos com pacientes oncológicos com 30 anos ou mais em procedimentos hospitalares e ambulatoriais. Em 2018, o custo foi de R$ 545 milhões.

Um estudo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) levantou as despesas causadas pelo câncer em 2017 no Brasil. Na pesquisa, foram contabilizados gastos diretos com a doença, como medicamentos, hospitalizações e cirurgias, e as despesas indiretas (morte prematura dos pacientes, faltas no trabalho e aposentadoria por invalidez). Somente na Saúde Suplementar, as despesas diretas com o tratamento foram R$ 14,5 bilhões. Com quimioterapia, foram R$ 5,6 bilhões.

Número baixo de exames para prevenção de câncer

Muitos especialistas já sinalizavam que isso iria acontecer. O estudo do IESS  “Análise da Assistência à Saúde da Mulher na Saúde Suplementar Brasileira entre 2015 e 2020”, apontou que a realização de mamografias caiu 28,3% entre 2019 e 2020. A queda foi de 29,5% entre as mulheres de 50 a 69 anos. Também houve redução de 24,4% no número de consultas com mastologistas em 2020.

Outro estudo do Observatório de Oncologia comparou dados do SUS de 2019, 2020 e 2021. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que houve uma redução no número de diagnósticos de todas as neoplasias no Brasil.  Eles apontaram que, em 2020, o número de procedimentos para detectar cinco tipos de câncer (mama, próstata, colorretal, pulmão e estômago) caiu em 26%.

E essa mesma pesquisa do Observatório mostra que entre março e maio de 2020, 50 mil casos de câncer não haviam sido diagnosticados. Isto representaria o aumento do diagnóstico do número de casos de tumores avançados. O que também é comprovado no estudo citado no início do texto.

Se em 2019, os exames para diagnóstico de câncer chegaram a 34.328.560 no SUS, em 2020 caíram em 22%. O número se manteve baixo em 2021 (9% a menos que em 2019), mesmo com as campanhas de vacinação contra Covid-19.

Na pandemia, também ocorreram interrupção em tratamentos. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2020, entre oncologistas, revelou dados preocupantes. Do total de entrevistados, 74% apontou que um ou mais pacientes adiaram ou interromperam o tratamento por mais de um mês na pandemia. E muitos pacientes, durante a pandemia, iniciaram tratamento de radioterapia já em estágios avançados da doença.

Segundo câncer mais incidente entre mulheres

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) divulgou recentemente a estimativa de casos de câncer para o triênio 2023-2025. O câncer de mama, após o melanoma, é o que tem maior incidência entre as mulheres. São previstos 74 mil casos por ano até 2025. Quase oito mil casos a mais que no triênio anterior.

No Brasil, a taxa de mortalidade por câncer de mama foi 11,84 óbitos a cada 100.000 mulheres, em 2020. No sul e sudeste, a taxa foi maior: 12,64 e 12,79 óbitos/100.000, respectivamente. E a melhor forma evitar a morte por este tipo de câncer é através da prevenção.

Obesidade, fatores hormonais e idade

Não existe uma única causa para ter um câncer de mama. As mulheres acima dos 50 anos correm mais riscos de desenvolver a doença, mas além da idade há vários fatores que estão relacionados, como endócrinos/história reprodutiva, comportamentais/ambientais e genéticos/hereditários

Dentre os fatores endócrinos/história, estão a menarca precoce (antes dos 12 anos), a menopausa tardia (após os 55 anos), primeira gravidez após os 30 anos, uso de contraceptivos orais (estrogênio-progesterona) e terapia de reposição hormonal pós-menopausa.

Nos fatores comportamentais/ambientais, estão a ingestão de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade, inatividade física e exposição à radiação ionizante.

A obesidade, que também é uma doença crônica, é considerada uma das possíveis causas de pelo menos 13 tipos diferentes de câncer, incluindo o de mama. Também é associada a piora de pacientes, principalmente aqueles com câncer de mama, bexiga, colorretal, próstata e fígado.

Hoje, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2022, publicado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation), quase 30% da população adulta do Brasil em 2030 deve ser obesa. O Brasil está entre os 11 países onde metade das mulheres obesas vivem.

Detecção Precoce

Hoje, o Ministério da Saúde recomenda que as mulheres após os 50 anos façam a mamografia a cada dois anos. E se fizer parte do grupo de risco, a idade do exame cai para 25 anos.

O estudo “Advanced Stage at Diagnosis and Worse Clinicopathologic
Features in Young Women with Breast Cancer in Brazil: A Subanalysis of the AMAZONA III Study”, destacou que mulheres com menos de 40 anos também são vítimas da doença. A pesquisa, realizada pelo Grupo Latino-Americano de Oncologia Cooperativa (Lacog) e publicada no Journal of Global Oncology, avaliou 2.888 mulheres de várias regiões do Brasil. E ela apontou que 17% das mulheres diagnosticadas com câncer tinham menos de 40 anos. E 43% têm menos de 50 anos.

Os pacientes mais jovens tinham tumores do estágio 3 com maior frequência. Mas também apresentavam sintomas.  A amostra analisada corresponde a 2% dos casos de câncer de mama no país no período analisado. Não há informações no estudo se estas mulheres tinham histórico na família.

É importante ensinar as mulheres a se atentar aos sintomas e analisar se as mulheres fazem parte do grupo de risco.

Previva

O triste cenário de casos de câncer pós-pandemia demonstra como é importante incentivar a prevenção. A realização de exames periódicos é a melhor maneira de diagnosticar o câncer precocemente.

As operadoras precisam continuar a incentivar e realizar campanhas para alertar os beneficiários. Quanto mais tarde descoberto, mais difíceis as chances de cura ou tratamento. Além do aumento das dificuldades, aumentam também os custos de assistência. É importante, ainda, manter programas que previnem o câncer, com estratégias de combate à obesidade e ao tabagismo.

A solução de Medicina Preventiva Previva é uma excelente ferramenta para auxiliar no gerenciamento de programas. Com o software, as operadoras de saúde podem realizar o rastreamento mamográfico e acompanhar os exames feitos pelo paciente, o histórico e o tratamento. É possível saber se o paciente já teve câncer, o que torna ainda mais importante a realização de exames preventivos.

Também podem visualizar os beneficiários que melhor se encaixam nos programas. Através de uma busca no banco de dados, pode-se averiguar quais as faixas etárias dos participantes e se tem alguma pré-disposição. Conheça mais sobre o Previva.

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