Má alimentação entre adolescentes preocupa profissionais da saúde

A má alimentação entre os adolescentes, caracterizada pelo consumo de produtos industrializados e de baixo valor nutricional, é cada vez mais comum entre os indivíduos acompanhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2017, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde apontaram que 55% dos brasileiros entre 12 e 18 anos consumiram produtos como macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado.

E mais: 42% deles ingeriram hambúrguer e embutidos e 43% consumiram biscoitos recheados, doces ou guloseimas

má alimentação entre adolescentes

Investir em uma alimentação saudável e adequada ainda na infância e na adolescência é a melhor forma de garantir a saúde na vida adulta e prevenir uma série de doenças crônicas.

Isso se torna evidente quando analisamos outros dados do Ministério da Saúde como, por exemplo, o fato de que um jovem com quadro de obesidade aos 19 anos tem 89% de chance de ser obeso aos 35 anos.

Mais dados sobre a má alimentação entre adolescentes

Os dados do Ministério da Saúde revelam que a Região Sul tem a maior quantidade de adolescentes consumindo hambúrguer e embutidos (54%) e também macarrão instantâneo, salgadinho de pacote e biscoito salgado (59%).

A Região Norte, por sua vez, apresenta o menor percentual nesses dois grupos: 33% e 47%, respectivamente.

Quando se fala de biscoitos recheados e guloseimas, o Sul segue na frente acompanhado pelo Nordeste, ambos com 46%.

O consumo de industrializados, fast food e guloseimas não se diferenciou muito na divisão por sexo, sendo um pouco maior entre os meninos.

O primeiro grupo de alimentos, por exemplo, é consumido por 58% os meninos e 54% das meninas. Já o segundo grupo é consumido por 41% dos jovens do sexo masculino e por 38% do sexo feminino, enquanto os doces recheados estão presentes na dieta de 42% dos meninos e 41% das meninas.

Obesidade na adolescência aumenta no Brasil

Diante dos hábitos demonstrados pelos números citados acima, não é de se surpreender que a obesidade infantil e na adolescência seja uma condição cada vez mais presente entre a população brasileira.

De acordo com a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, publicada em 2015 pelo IBGE, a obesidade atinge 7,8% dos adolescentes nas escolas com idade entre 13 e 17 anos. O problema é maior entre os meninos (8,3%) do que entre as meninas (7,3%).

Os dados também apontam que 8,2% dos adolescentes com idade entre 10 e 19 anos atendidos na atenção básica em 2017 são obesos.

O alerta se acende quando se leva em conta o fato de que adolescentes obesos têm maior risco de se tornarem obesos mórbidos. Enquanto nas crianças a morbidade não é freqüente, os adolescentes já começam a apresentar diversos fatores de risco, como dislipidemias, hipertensão e aumento da resistência insulínica.

Além disso, a adolescência é uma época em que a personalidade está sendo estruturada e a obesidade nesse período pode deixar marcas profundas.

Prevenção envolve educação alimentar

Quando falamos de educação (ou melhor: reeducação) alimentar para crianças e adolescentes, precisamos lembrar que este é um período de altas necessidades nutricionais para o ser humano. E essas necessidades precisam ser satisfeitas para que este indivíduo possa crescer e se desenvolver de forma adequada.

Ao planejar ações envolvendo educação alimentar na adolescência, deve-se entender que é nesta idade em que os jovens adquirem independência e começam a assumir certas responsabilidades. Do ponto de vista nutricional, isso deixa o adolescente numa posição vulnerável.

Outro aspecto importante é reconhecer que, por mais que se invista em palestras ou campanhas informativas, a dieta da família e dos amigos são os principais fatores de influência na criação dos hábitos dos adolescentes. Aspectos psicológicos e socioeconômicos também têm grande influência na formação desses hábitos.

Dessa forma, além de educar os adolescentes a respeito da qualidade dos produtos consumidos, é preciso disciplinar as refeições. Afinal, nessa faixa etária é muito comum os jovens negligenciarem o café da manhã ou jantar, por exemplo.

Com a desculpa da “falta de tempo”, muitas famílias substituem comida caseira pela comida industrializada ou o suco natural pelo refrigerante, por exemplo. Por isso, é fundamental fazê-los entender que a praticidade para os pais pode se transformar em problemas de saúde para os filhos.

É por isso que as ações de educação nutricional e alimentar devem ser permanentes. Ao tratar com grupos de adolescentes despreocupados com o futuro de sua própria saúde, é fundamental combinar diálogo, reflexão e vigilância constantes. Só assim será possível promover a mudança de hábitos.

É preciso saber como falar com o adolescente

Se a sua operadora de saúde pretende promover ações educativas para esse público, certifique-se de que elas sejam atrativas e dinâmicas. Lembre sempre que o objetivo é ampliar a autonomia e a consciência dos adolescentes no momento da escolha dos alimentos.

As alternativas são inúmeras, basta usar a criatividade e entender para quem se está falando. Algumas ações que podemos sugerir envolvem atividades lúdicas, oficinas culinárias com reaproveitamento integral de alimentos, oficinas temáticas, rodas de conversa, entre outras.

Se você é gestor de saúde, não perca tempo. A má alimentação entre adolescentes pode se transformar em prejuízos para toda a vida do indivíduo e em custos futuros para sua operadora. É melhor agir agora e sensibilizar esse público enquanto os recursos para isso são simples e baratos. Pense nisso!

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